
se um dia eu fosse branco
seria uma pomba sem mordaças
esperança, nas asas de um sonho.
borracha de espuma no papel da guerra
faria da morte lembrança apagada
seria branco imaculado, sem sangue
de inocentes trucidados,
silêncio a percorrer os dedos acusadores...
uma a uma as cores seriam um botão
esquecido num bolso rasgado.
eu,
branco,
sonho.
assim se preenchem os dias
como tarde de Inverno
lavada pelo vento rebelde.
nas mãos, um branco transparente
renascia depois da morte anunciada,
pétalas de ternura despontavam
entre os picos de uma granada
por detonar.
grita o sol na neve cálida
faz-se à noite qual soldado ferido
hoje em branco nasce um novo dia!